Quem são os ministros “coringas” e “indemissíveis” de Bolsonaro

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Quem são os ministros “coringas” e “indemissíveis” de Bolsonaro


Presidente Jair Messias Bolsonaro / Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Porto Velho, RO - Desde o início do mandato, presidente já realizou 30 trocas ministeriais. Dois nomes se destacam por assumirem o comando de diversas pastas
Mayara Oliveira

Desde que assumiu a chefia do Palácio do Planalto, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou 30 trocas ministeriais. Desse total, 19 ex-ministros perderam totalmente o vínculo com o primeiro escalão. Outros dois, Onyx Lorenzoni e Luiz Eduardo Ramos, são considerados “coringas” e se destacam no time do chefe do Executivo. Eles já assumiram quatro e três pastas federais, respectivamente, nas recorrentes danças das cadeiras da Esplanada dos Ministérios.


Onyx lidera o ranking de pastas que um mesmo ministro comandou: totaliza quatro passagens pelo primeiro escalão de Bolsonaro. Ele já passou por Casa Civil, Ministério da Cidadania, Secretaria-Geral e, atualmente, chefia o Ministério da Previdência e Trabalho.

Ramos tem, no currículo, passagens por três ministérios durante o governo Bolsonaro: Secretaria de Governo, Casa Civil e Secretaria-Geral da Presidência (leia mais sobre as danças das cadeiras de Onyx e Ramos abaixo).


O elevado índice de mudanças em 2021 tem a ver com a alocação do Centrão no primeiro escalão do governo. Outras 13 trocas foram feitas em 2020, e três em 2019 Isac Nóbrega/PR


Em três anos de governo, o presidente Jair Bolsonaro já realizou 30 trocas ministeriaisRafaela Felicciano/Metrópoles


Desse total, 19 ex-ministros perderam totalmente o vínculo com o primeiro escalão do governo. Alguns se tornaram desafetos públicos do presidente, como é o caso dos ex-ministros Sergio Moro e Luiz Henrique MandettaHugo Barreto/Metrópoles


De todas as trocas no comando dos ministérios de Bolsonaro, 14 – maior número de remanejamentos no mandato – ocorreram em 2021. Em uma das ocasiões, o presidente realizou a maior dança das cadeiras da Esplanada, mexendo em seis pastas: Defesa, Relações Exteriores, Justiça, Secretaria de Governo da Presidência, Casa Civil e Advocacia-Geral da União (AGU)Rafaela Felicciano/Metrópoles


O elevado índice de mudanças em 2021 tem a ver com a alocação do Centrão no primeiro escalão do governo. Outras 13 trocas foram feitas em 2020, e três em 2019 Isac Nóbrega/PR


Walter Braga Netto fecha o pódio, com duas passagens em pastas federais. Ele assumiu a Casa Civil quando Onyx foi realocado na Cidadania, em fevereiro de 2020. Em março do ano passado, o general passou a comandar o Ministério da Defesa, onde está desde então.

Se ainda estivesse no governo, André Mendonça dividiria a posição com Braga Netto. No período em que foi ministro de Bolsonaro, o agora magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF) teve passagens pela Advocacia-Geral da União e pelo Ministério da Justiça.

Onyx Lorenzoni

Nas eleições de 2018, o partido Democratas (DEM) apoiou a candidatura do então tucano Geraldo Alckmin, mas Onyx Lorenzoni aderiu à campanha bolsonarista. À época como presidente eleito, Bolsonaro chamou o parlamentar do Rio Grande do Sul para atuar na transição de governo.

Lorenzoni começou o governo, em janeiro de 2019, chefiando a Casa Civil. Durante sua gestão, a pasta considerada por Bolsonaro como “a alma do governo” foi esvaziada pelo chefe do Executivo federal, que mandou demitir auxiliares do então ministro e transferiu o Programa de Parceria de Investimentos (PPI), antes no guarda-chuva da Casa Civil, para o Ministério da Economia, de Paulo Guedes.

O gaúcho ficou à frente da Casa Civil por pouco mais de um ano. Em fevereiro de 2020, após descontentamentos de Bolsonaro com Onyx e o fraco desempenho do parlamentar no comando do órgão, ele foi remanejado para o Ministério da Cidadania – pasta responsável pela área social do governo –, onde ficou por um ano.

Em fevereiro do ano passado, ele entregou a cadeira de ministro para o deputado João Roma (Republicanos-BA), do Centrão. Com a troca, Onyx foi realocado na Secretaria-Geral, considerada a “cantina” do Palácio do Planalto. Ele permaneceu na pasta por apenas cinco meses e, atualmente, chefia o Ministério da Previdência e do Trabalho, recriado por Bolsonaro em julho.


Na época, o governo era alvo da CPI da Covid-19, na qual senadores investigaram omissões do Executivo durante a pandemia de coronavírus. Em busca de apoio, o presidente concedeu a primeira e, até o momento, a única pasta titularizada por um senador Agência Senado


A nomeação de João Roma (Republicanos-BA) para o Ministério da Cidadania, em fevereiro de 2021, simbolizou o início do "noivado" de Bolsonaro com o CentrãoMarcos Corrêa/PR


No mês seguinte, em março, a deputada Flávia Arruda (PL-DF), também do Centrão, assumiu a Secretaria de Governo da Presidência, responsável pela articulação do Executivo com o Congresso Nacional e também pela liberação de emendas parlamentares.


A consolidação do "casamento" do presidente com o Centrão ocorreu quando Bolsonaro entregou a "alma do governo" ao bloco, fazendo com que Ciro Nogueira (PP-PI) assumisse a Casa Civil, em julho deste anoPresidência da República


Na época, o governo era alvo da CPI da Covid-19, na qual senadores investigaram omissões do Executivo durante a pandemia de coronavírus. Em busca de apoio, o presidente concedeu a primeira e, até o momento, a única pasta titularizada por um senadorAgência Senado


Luiz Eduardo Ramos

Luiz Eduardo Ramos é considerado um general “cinco estrelas” – quatro representam sua carreira no Exército e a quinta simboliza a amizade com o presidente Jair Bolsonaro. O general e o capitão reformado se conheceram em 1973, quando entraram na Escola Preparatória de Cadetes do Exército.

Ao contrário de Onyx, Ramos não integrou o primeiro escalão desde o início do governo, em 2019. A nomeação ocorreu apenas em junho de 2020, após a saída conturbada do general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Bolsonaro designou o general Ramos para chefiar a Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política com o Congresso Nacional.

Em março do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro realizou a maior reforma ministerial da Esplanada, mexendo no comando de seis pastas. Rumo ao altar para sacramentar o “casamento” com o Centrão, o chefe do Executivo nomeou a deputada Flávia Arruda (PL-DF) para a Secretaria-Geral. Com a troca, Ramos foi remanejado para a Casa Civil.

No órgão estratégico do Planalto, o general permaneceu por apenas quatro meses. Em julho, Bolsonaro nomeou o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil. A troca foi considerada como a oficialização do “casamento” do presidente com o Centrão. Na época, o governo era alvo da CPI da Covid-19. Em busca de apoio, Bolsonaro concedeu a primeira e, até o momento, única pasta federal titularizada por um senador.

Antes de nomear o parlamentar, o presidente vinha tecendo críticas a Ramos, dizendo que o general tinha “dificuldade” no “linguajar com o Parlamento”. Desde a mais recente troca, o general está no comando da Secretaria-Geral da Presidência.

“O general Ramos é uma excepcional pessoa. Eu o conheço desde 1973. Agora, no linguajar com o Parlamento, ele tinha dificuldade. É a mesma coisa de você pegar o Ciro Nogueira para conversar com os generais do Exército brasileiro. O Ciro não vai saber conversar com eles, apesar da boa vontade dele”, disse Bolsonaro ao comentar a chegada do senador no primeiro escalão do governo.
Ministros fiéis

Além de contar com Onyx e Ramos, considerados por aliados como “coringas” e “indemissíveis” por assumirem o comando de variadas pastas, o presidente nunca mexeu no comando de oito dos atuais 23 ministérios do governo.

Nomes como Paulo Guedes, responsável pela área econômica; Damares Alves, que representa a veia mais ideológica do governo; e Tarcísio de Freitas, cotado para ser candidato a governador de São Paulo, já completam três anos ao lado do mandatário do país.

Abaixo, veja os ministérios e seus respectivos chefes que estão junto de Bolsonaro desde o início do mandato, em 2019:

1- Agricultura: Tereza Cristina
2- Ciência e Tecnologia: Marcos Pontes
3- Controladoria-Geral da União: Wagner Rosário
4- Economia: Paulo Guedes
5- Gabinete de Segurança Institucional: Augusto Heleno
6- Infraestrutura: Tarcísio de Freitas
7- Minas e Energia: Bento Albuquerque
8- Mulher, Família e Direitos Humanos: Damares Alves

De acordo com um levantamento do Metrópoles, das 30 trocas ministeriais, 14 ocorreram apenas no ano passado. O número de mudanças feitas em 2021 é o maior do mandato de Jair Bolsonaro. O elevado índice correlaciona-se à alocação do Centrão no primeiro escalão do governo. Outros 13 remanejamentos foram feitos em 2020, e três em 2019.

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