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Manaus vive madrugada de ataques e incêndios após PM matar liderança do tráfico

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Manaus vive madrugada de ataques e incêndios após PM matar liderança do tráfico


Um ônibus queimado durante um protesto após a morte de um traficante por policiais militares na madrugada deste domingo (6) em Manaus, capital do Amazonas BRUNO KELLY/Bruno Kelly - 6.jun.21/REUTERS

Porto Velho, RO - Manaus e três cidades do interior do Amazonas registraram diversos ataques incendiários neste domingo (6) em reação ao assassinato de um líder do tráfico pela Polícia Militar (PM). Integrantes da facção criminosa CV (Comando Vermelho) depredaram, entre outros alvos, 15 ônibus do transporte público municipal de Manaus, 3 agências bancárias, 2 viaturas policiais e 1 ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

A maior parte dos ataques a ônibus ocorreu durante a madrugada e no início da manhã. Na capital amazonense, bandidos armados rendiam passageiros, motoristas e os obrigavam a sair do ônibus. Em seguida, ateavam fogo usando gasolina. Ninguém ficou ferido.

Já os funcionários do Samu foram roubados, além de terem a ambulância incendiada. Até agora, os socorristas eram considerados intocáveis pelo tráfico e tinham autorização para fazer resgate de baleados nas chamadas zonas vermelhas da cidade.

Por causa dos ataques, registrados em 11 bairros de Manaus, as empresas de ônibus retiraram a frota de circulação pela manhã. Até o final da tarde, o serviço ainda não havia sido retomado.

Os criminosos queimaram também uma viatura da PM em Parintins (369 km da capital) e um da Polícia Civil. Em Careiro Castanho (a 124 km de Manaus), um caminhão da prefeitura foi incendiado.


Já em Manacapuru (98 km), o alvo principal foi o Centro de Referência da Assistência Social (Cras). Duas salas foram destruídas pelo fogo, e a vidraça do prédio foi alvejada com tiros na madrugada. Os criminosos também incendiaram um microônibus. Ninguém foi preso ou saiu ferido.

A PM afirma que reforçou o efetivo nas ruas e que prendeu seis suspeitos, mas a onda de ataques prosseguiu durante o final da manhã e a tarde de domingo.

Três agências bancárias foram depredadas em plena luz do dia, incluindo uma da Caixa Econômica Federal. Os bandidos gravaram a ação. Um deles menciona o CV e fala insultos contra o secretário de Segurança Pública do Amazonas, o coronel da PM Louismar Bonates.

Também durante o dia, um trator e um escritório da prefeitura localizados no bairro da Compensa foram incendiados.

No sábado (5), homens da Rocam (Rondas Ostensivas Cândido Mariano) mataram o líder do CV Erick Batista Costa, o “Dadinho”. De acordo com a polícia, a ordem para revidar veio de um dos presídios da cidade.

A Secretaria de Segurança Pública criou um gabinete de crise para monitorar a situação. Em pronunciamento no final da tarde, o governador Wilson Lima (PSC) disse que os ataques são uma reação ao combate ao narcotráfico.

"Todas as forças de segurança estão em alerta. Nós triplicamos a quantidade de policiais nas ruas e estamos montando barreiras em locais estratégicos", afirmou Lima.

A facção de origem carioca controla o tráfico e os presídios do Amazonas desde janeiro de 2020, após derrotar a rival Família do Norte (FDN), esta responsável pelos massacres nos presídios de Manaus em 2017 e 2019.

O Amazonas é uma das principais portas de entrada de cocaína no país, por meio do rio Solimões. Manaus, além de um centro consumidor de pouco mais de 2 milhões de habitantes, é faz a redistribuição para o Norte, Nordeste e para a Europa.

Fabiano Maisonnave  / Folha

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